Autores: Erick Prado de Oliveira, Roberto Carlos
Burini
Universidade Estadual de São Paulo- Botucatu
O exercício físico pode ser benéfico ou prejudicial
para o trato gastrointestinal, dependendo da intensidade do esforço e da saúde
do indivíduo. Sabe-se que a intensidade leve a moderada exerce um papel
protetor contra o câncer de cólon, diverticulite, colelitíase e prisão de
ventre, enquanto o exercício extenuante agudo pode provocar azia, náuseas,
vômitos, dor abdominal, diarréia e até sangramento gastrointestinal.
Descobertas recentes revelam que entre 25 e 50% dos
atletas de elite são prejudicados em competições pelos sintomas
gastrointestinais. Esses sintomas são muitas vezes atribuídos a alterações da
motilidade, fator mecânico ou alterações de secreções neuroendócrinas.
Os efeitos benéficos
do exercício à saúde:
É sabido que o exercício regular, independente do índice de massa corporal, oferece proteção contra todas as causas de mortalidade, principalmente por proteger contra a aterosclerose, hipertensão, diabetes tipo 2 e do câncer do cólon. Exercícios aeróbicos (caminhada, ciclismo) e de resistência (força) aumentam a síntese protéica muscular e biogênese mitocondrial, melhora a capacidade funcional e ainda promovem o aumento da massa muscular e redução da massa de gordura.
É sabido que o exercício regular, independente do índice de massa corporal, oferece proteção contra todas as causas de mortalidade, principalmente por proteger contra a aterosclerose, hipertensão, diabetes tipo 2 e do câncer do cólon. Exercícios aeróbicos (caminhada, ciclismo) e de resistência (força) aumentam a síntese protéica muscular e biogênese mitocondrial, melhora a capacidade funcional e ainda promovem o aumento da massa muscular e redução da massa de gordura.
Além disso, a prática constante de exercício
aeróbico diminui a pressão arterial, glicemia, insulina e risco de formação da
placa de ateroma. Estudos observacionais afirmam que mesmo a prática de
exercícios após o diagnóstico de câncer colorretal pode reduzir o risco de morte
da doença e proporcionar melhor qualidade de vida.
Os efeitos maléficos do exercício ao organismo:
O exercício físico pode levar a distúrbios gastrintestinais, principalmente quando é de alta intensidade ou quando esse é praticado em ambientes quentes, sem uma hidratação adequada e por indivíduos sem preparação física.
Os efeitos maléficos do exercício ao organismo:
O exercício físico pode levar a distúrbios gastrintestinais, principalmente quando é de alta intensidade ou quando esse é praticado em ambientes quentes, sem uma hidratação adequada e por indivíduos sem preparação física.
Os principais mecanismos fisiopatológicos
relacionados aos distúrbios gastrintestinais estão relacionados aos fatores
isquêmicos, mecânicos ou neuroendócrinos.
Fatores
Isquêmicos:
A atividade nervosa simpática no momento do exercício físico permite o aumento do débito cardíaco para atender as demanda metabólica do corpo. O aumento dos sinais barorreflexos com o aumento da intensidade do exercício permite o aumento na perfusão sanguínea nos tecidos ativos do músculo esquelético, coração, pulmão e cérebro. Como o sangue é desviado das vísceras para esses órgãos durante exercício, o fluxo sangüíneo esplânico é diminuído em 70 a 80% do VO2 máximo.
A atividade nervosa simpática no momento do exercício físico permite o aumento do débito cardíaco para atender as demanda metabólica do corpo. O aumento dos sinais barorreflexos com o aumento da intensidade do exercício permite o aumento na perfusão sanguínea nos tecidos ativos do músculo esquelético, coração, pulmão e cérebro. Como o sangue é desviado das vísceras para esses órgãos durante exercício, o fluxo sangüíneo esplânico é diminuído em 70 a 80% do VO2 máximo.
Assim, exercícios extenuante reduzem o fluxo de
sangue gastrointestinal, o que torna a mucosa do intestino suscetível à lesão
isquêmica, aumentando a permeabilidade da mucosa, a perda de sangue oculto nas
fezes, bem como a translocação da microbiota protetora e geração de endotoxinas
que podem induzir a diarréia.
A isquemia da mucosa faz com que diminua a energia
celular,levando à morte celular e inflamação das mucosas. Por isso a colite
isquêmica é uma das principais causas de hemorragia gastrointestinal durante e
após o exercício intenso.
Fatores mecânicos e
motilidade:
As causas mecânicas dos distúrbios gastrointestinais são decorrentes do aumento da pressão intra-abdominal. O aumento da pressão intra abdominal, comum em esportes como o futebol americano, halterofilismo e ciclismo aumenta o gradiente de pressão entre o estômago e esôfago, que em associação com o relaxamento do esfíncter inferior do esôfago - em exercícios de alta intensidade -, podem desencadear a doença do refluxo gastroesofágico (DRGE).
As causas mecânicas dos distúrbios gastrointestinais são decorrentes do aumento da pressão intra-abdominal. O aumento da pressão intra abdominal, comum em esportes como o futebol americano, halterofilismo e ciclismo aumenta o gradiente de pressão entre o estômago e esôfago, que em associação com o relaxamento do esfíncter inferior do esôfago - em exercícios de alta intensidade -, podem desencadear a doença do refluxo gastroesofágico (DRGE).
Já os efeitos do exercício físico sobre a
motilidade intestinal ainda são muito controversos. Corredores de longa
distância são mais suscetíveis a distúrbios da motilidade intestinal, que
incluem diarréia e síndrome do intestino irritável.
Embora a fisiopatologia destes problemas permaneça
largamente indefinida, os possíveis fatores causais incluem: balanço do líquido
entérico e eletrolítico, isquemia mesentérica, aumento da permeabilidade das
mucosas, trauma mecânico e motilidade colônica alterados.
Alterações
neuroendócrinas:
O estresse induzido pelo exercício físico estimula a regulação hipotálamo-hipófise – adrenal, levando a um aumento da secreção de hormônios imunossupressores. Um destes hormônios é o cortisol, que está relacionado a maior susceptibilidade à infecção do trato respiratório em atletas.
O estresse induzido pelo exercício físico estimula a regulação hipotálamo-hipófise – adrenal, levando a um aumento da secreção de hormônios imunossupressores. Um destes hormônios é o cortisol, que está relacionado a maior susceptibilidade à infecção do trato respiratório em atletas.
A secreção de hormônios por estresse leva também ao
balanço energético negativo. Os principais mecanismos para compensar esse
comportamento são a redução do gasto energético e/ ou o aumento do consumo de
energia.
Doença do refluxo
gastroesofágico
Os sintomas do refluxo gastroesofágico são encontrados em aproximadamente 60% dos atletas e ocorre com maior freqüência durante a prática do exercício.
Os sintomas do refluxo gastroesofágico são encontrados em aproximadamente 60% dos atletas e ocorre com maior freqüência durante a prática do exercício.
Os mecanismos sugeridos para o refluxo durante o
exercício incluem diminuição da motilidade gástrica, relaxamento da parte
inferior do esfíncter esofágico, aumento do gradiente de pressão entre o
estômago e esôfago, distensão gástrica, diminuição do esvaziamento gástrico
(especialmente no estado de desidratação), aumento da pressão intra-abdominal
em esportes como o futebol, ciclismo e levantamento de peso.
Observa-se maior prevalência dos sintomas em
atletas de esportes predominantemente anaeróbicos, como levantadores de peso, e
sintomas moderados nos corredores. Ciclistas apresentam menor freqüência dos
sintomas do refluxo, devido ao exercício apresentar menor quantidade de
movimentos corporais, comparado aos levantadores de peso.
Os sintomas do refluxo incluem: aumento da pressão
toráxica, dores parecidas com angina e alguns podem apresentar tosses atípicas,
rouquidão e chiado, sintomas iguais ao broncoespasmo induzido pelo exercício.
Tratamento:
- Modificações
no estilo de vida;
- Mudanças
em alguns comportamentos, como não deitar logo após a refeição;
- Evitar
o consumo de alimentos que relaxam o esfíncter esofagiano, como chocolate,
menta, cebolas, alimentos ricos em gordura, álcool, tabaco, café e
alimentos cítricos;
- Dormir
em travesseiros mais altos.
Hemorragia:
A hemorragia induzida pelo exercício tem sido documentada principalmente em corredores de longa distância, sendo que 85% de ultra-maratonistas e triatletas apresentaram sangue oculto nas fezes. Isso ocorre com mais freqüência durante as competições. A hemorragia ocorre principalmente por causa da colite ou gastrite secundárias ao consumo excessivo de antiinflamatórios. Essa ocorrência é mais freqüente em corredores, devido ao impacto mecânico.
A hemorragia induzida pelo exercício tem sido documentada principalmente em corredores de longa distância, sendo que 85% de ultra-maratonistas e triatletas apresentaram sangue oculto nas fezes. Isso ocorre com mais freqüência durante as competições. A hemorragia ocorre principalmente por causa da colite ou gastrite secundárias ao consumo excessivo de antiinflamatórios. Essa ocorrência é mais freqüente em corredores, devido ao impacto mecânico.
Diarréia:
Em atletas, a diarréia normalmente está relacionada à mudança do hábito alimentar em viagens e intoxicação alimentar.
A diarréia aguda induzida pelo exercício é considerada como fisiológica e não provoca desidratação ou desequilíbrio eletrolítico e tende a melhorar com a melhora da aptidão física.
Em atletas, a diarréia normalmente está relacionada à mudança do hábito alimentar em viagens e intoxicação alimentar.
A diarréia aguda induzida pelo exercício é considerada como fisiológica e não provoca desidratação ou desequilíbrio eletrolítico e tende a melhorar com a melhora da aptidão física.
Apetite:
O exercício agudo aumenta os níveis pós-prandiais dos hormônios da saciedade (peptídeo YY, o GLP-1 e Polipeptídeo Pancreático).
Um aumento dos níveis plasmáticos de Polipeptídeo Pancreático foi observado tanto em jejum como após as refeições e esse aumento independe da intensidade do exercício.
O exercício agudo aumenta os níveis pós-prandiais dos hormônios da saciedade (peptídeo YY, o GLP-1 e Polipeptídeo Pancreático).
Um aumento dos níveis plasmáticos de Polipeptídeo Pancreático foi observado tanto em jejum como após as refeições e esse aumento independe da intensidade do exercício.
Conclusão
1) A prática de atividade física de intensidade leve a moderada tem um papel protetor contra transtornos do trato gastrointestinal;
2) A atividade física de alta intensidade leva a distúrbios gastrointestinais quando associada a estados de desidratação e/ou aumento da pressão intra-abdominal.
3) A hidratação adequada e um bom preparo físico são fundamentais para proteger o organismo contra danos fisiológicos dos exercícios de alta intensidade.
1) A prática de atividade física de intensidade leve a moderada tem um papel protetor contra transtornos do trato gastrointestinal;
2) A atividade física de alta intensidade leva a distúrbios gastrointestinais quando associada a estados de desidratação e/ou aumento da pressão intra-abdominal.
3) A hidratação adequada e um bom preparo físico são fundamentais para proteger o organismo contra danos fisiológicos dos exercícios de alta intensidade.