sexta-feira, 9 de setembro de 2011

Insulina, glucagon e glicose sangüínea

Como a diabetes é uma doença que afeta a habilidade do corpo de usar glicose, vamos começar vendo o que é glicose e como seu corpo a controla. Glicose é um açúcar simples que fornece energia para todas as células do seu corpo. As células captam a glicose do sangue e a quebram para obter energia. Algumas células, como as células cerebrais e as células sangüíneas vermelhas, dependem somente da glicose para combustível. A glicose do sangue vem do alimento que você come.

Quando você come um alimento, a glicose é absorvida pelos intestinos e distribuída através da corrente sangüínea para todas as células do corpo. Seu corpo tenta manter um suprimento constante de glicose para as células, mantendo uma concentração constante de glicose no sangue, caso contrário, as células teriam mais glicose do que o necessário logo após a refeição e ficariam sem nada entre as refeições e durante a noite. Portanto, quando você tem um suprimento excessivo de glicose, o corpo armazena o excesso no fígado e nos músculos fabricando glicogênio, que é feito de cadeias longas de glicose. Quando as reservas de glicose estão baixas, seu corpo mobiliza a glicose armazenada como glicogênio e/ou estimula você a comer. O importante é manter um nível constante de glicose no sangue.
Para manter um nível constante de glicose no sangue, seu corpo depende de dois hormônios produzidos no pâncreas que têm ações opostas: insulina e glucagon.




O pâncreas tem muitas ilhotas que contêm células beta produtoras de insulina e células alfa produtoras de glucagon


Insulina é feita e secretada pelas células beta das ilhotas pancreáticas, pequenas ilhas de células endócrinas no pâncreas. A insulina é um hormônio protéico que contém 51 aminoácidos. Ela é necessária para quase todas as células do corpo, mas seus principais alvos são as células do fígado, células adiposas e células musculares. Nessas células, a insulina faz o seguinte:
  • estimula as células do fígado e dos músculos a armazenar glicose em forma de glicogênio;
  • estimula as células adiposas a formar gorduras a partir de ácidos graxos e glicerol;
  • estimula as células do fígado e dos músculos a fazer proteínas a partir de aminoácidos;
  • impede as células do fígado e dos rins de fazer glicose a partir de compostos intermediários das vias metabólicas (gliconeogênese).
Desse modo, a insulina armazena os nutrientes logo após uma refeição, diminuindo assim as concentrações de glicose, ácidos graxos e aminoácidos na corrente sangüínea.

 A insulina e o glucagon têm efeitos opostos sobre o fígado e outros tecidos no controle dos níveis de glicose sangüínea

Glucagon
Em concentrações muito altas, geralmente acima dos níveis máximos encontrados no corpo, o glucagon pode agir sobre as células adiposas degradando as gorduras em ácidos graxos e glicerol, liberando os ácidos graxos na corrente sangüínea. Contudo, isso é um efeito farmacológico e não fisiológico.


Então, o que acontece quando você não come? Quando está em jejum, o pâncreas libera glucagon para que seu corpo possa produzir glicose. O glucagon é outro hormônio protéico feito e secretado pelas células alfa das ilhotas pancreáticas. O glucagon age nas mesmas células que a insulina, mas tem efeitos opostos:
  • estimula o fígado e os músculos a quebrarem o glicogênio armazenado (glicogenólise) e liberar glicose;
  • estimula a gliconeogênese no fígado e rins.
Diferente da insulina, o glucagon mobiliza glicose das reservas de dentro do corpo e aumenta as concentrações de glicose na corrente sangüínea; caso contrário, a glicose do seu sangue cairia para níveis perigosamente baixos.
E como o seu corpo sabe quando deve secretar glucagon ou insulina? Normalmente, os níveis de insulina e glucagon são equilibrados na corrente sangüínea. Por exemplo, logo após comer uma refeição seu corpo está pronto para receber a glicose, ácidos graxos e aminoácidos absorvidos da comida. A presença dessas substâncias no intestino estimula as células beta do pâncreas a liberarem insulina no sangue e impedir as células pancreáticas alfa de secretarem glucagon. Os níveis de insulina no sangue começam a subir e agem sobre as células (particularmente do fígado, adiposas e musculares) para que absorvam as moléculas de glicose, ácidos graxos e aminoácidos que estão entrando. Essa ação da insulina impede que a concentração de glicose no sangue (assim como as concentrações de ácidos graxos e de aminoácidos) aumentem substancialmente na corrente sangüínea. Desse modo, seu corpo mantém uma concentração constante de glicose sangüínea em particular.
Por outro lado, quando você está entre as refeições ou dormindo, seu corpo fica essencialmente em inanição. Suas células precisam de suprimentos de glicose do sangue para continuar funcionando. Durante esses períodos, pequenas quedas nos níveis de açúcar do sangue estimulam a secreção de glucagon pelas células alfa pancreáticas e inibem a secreção de insulina das células beta. Os níveis de glucagon no sangue aumentam. Ele age sobre os tecidos do fígado, músculos e rins para mobilizar glicose a partir de glicogênio ou para fazer glicose que seja liberada no sangue. Essa ação impede que a concentração de glicose no sangue caia drasticamente.
Como você pode ver, o intercâmbio entre a secreção de insulina e de glucagon ao longo do dia ajuda a manter a concentração de glicose do seu sangue constante, ficando em cerca de 90 mg por 100 ml de sangue (5 milimolares).

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