domingo, 26 de fevereiro de 2012

CELULITE


O que é a Celulite?

A celulite é um problema que afecta cerca de 80% das mulheres e é um problema cada vez mais emergente, devido especialmente aos estilos de vida sedentários e stressantes a que muitas mulheres se sujeitam diariamente.

Mas afinal o que é a celulite?


Quando se fala em celulite, o normal é pensarmos em zonas do corpo humano que tem mais tendência para acumular gordura, especialmente nas nádegas, pernas e região abdominal.

No entanto, esta designação não é a politicamente correcta apesar de ser a utilizada por toda a gente, inclusive médicos.


Se tivermos em conta os vocábulos de medicina, os termos terminados em –ite, como otite ou apendicite; sugerem uma inflamação na área em questão. Assim, e tendo em conta que a celulite não tem em si nenhum processo inflamatório, a palavra celulite tem um significado diferente daquela a que se associa todos os dias.


Não obstante este facto, a celulite é na prática é aquele aspecto indesejável de pele casca de laranja, que tanto incomodo causa a uma mulher.


Deste modo, a celulite resulta de um conjunto de alterações anatómicas e funcionais e que se desenvolvem a partir do tecido dermo-hipodérmico.


A celulite ocorre em sítios específicos do corpo, onde já numa fase avançada se pode observar alterações na pele.




A pele:

Para melhor compreender a formação da celulite, temos de levar em consideração as diferentes camadas que formam a nossa pele.


A pele é caracterizada por 3 camadas de tecidos sobrepostos: a epiderme, a derme e a hipoderme.

A primeira é a mais superficial e tem uma função de revestimento e protecção, ao passo que as outras desempenham uma função de suporte e nutrição.


·A epiderme é constituída por 5 tipos de células diferentes, que se deslocam desde o interior até à superfície, sendo depois eliminadas com a esfoliação. Esta camada não possui circulação própria, pelo que os nutrientes são adquiridos através da derme.

·A derme é a camada intermédia, e é constituída por um conjunto fibrocelular. É nesta camada que temos as glândulas sebáceas e sudoríferas.
 

·A hipoderme é a camada mais profunda da pele e tem uma função de protecção e reserva de energia. É esta camada que está envolvida com o surgimento da celulite.
 

Na hipoderme ocorrem inúmeros sistemas de reacção que permitem o equilíbrio da pele, mas quando há outras alterações anatómicas, esta deixa de funcionar com a normalidade desejada, influenciando depois as outras camadas subjacentes.


 Fases e Localização da Celulite


·Fases


A celulite tem diferentes estágios, desde as alterações de substâncias nas veias e vasos linfáticos, até à formulação dos pequenos nódulos que irão alterar a configuração da pele e dar o aspecto casca de laranja.


Assim, a celulite passa por quatro diferentes fases ou estados evolutivos: a fase de inundação serosa, a fase de polimerização, a fase reticular e a reacção fibroblástica.


Todas elas se conseguem detectar através da pele, e quanto mais cedo se começar a tratar mais hipóteses tem de não passar à fase seguinte.
 

·Localização


A celulite tende a concentrar-se em zonas específicas do corpo da mulher, zonas essas que devido à sua visibilidade causam transtorno e especial preocupação para o universo feminino.


A zona das ancas, nádegas e coxas são os sítios onde a celulite mais se acumula e onde ocorre com mais frequência.


Os joelhos, principalmente a barriga das pernas e os tornozelos também podem ser zonas afectadas.


Outra das partes que muito incomodo nas mulheres é a celulite na barriga, formando “pregas”, normalmente chamados de pneus.


A celulite também pode ocorrer nos braços, apesar de neste sítio não ser tão usual, pode surgir celulite na parte interna do braço.

·Teste do Beliscão



Para determinar se tem celulite, e em que fase está basta fazer o Teste de Beliscão.


Este é um método simples e directo, que consiste em apertar com o dedo indicador e o polegar a parte do corpo que suspeita ter celulite. Este teste pode ser feito em qualquer parte do corpo, e o objectivo é verificar se aparecem de seguida qualquer tipo de “furinho” na zona beliscada.



A escala de Nurnberger-Muller estabelece em que fase está a celulite, tendo em conta os diferentes estádios existentes.



·Estágio 0 – Após beliscar a pele mantém-se igual, sem qualquer tipo de alteração deitada ou de pé.



·Estágio 1 – Se estiver normalmente, não apresenta qualquer modificação da pele, mas após beliscar aparecem pequenos furos.



·Estágio 2 – Só apresenta irregularidades na pele se estiver de pé, deitada a sua pele parece perfeitamente normal.



·Estágio 3 – Tem alterações na pele, de pé, deitada e independentemente de beliscar ou não.


alimentação e a celulite

É um dado adquirido que nós somos aquilo que comemos.

Assim, também o problema da celulite é influenciado por o que e em que quantidades comemos determinado tipo de alimentos.


A água tem lugar de destaque no combate da celulite. Purifica e hidrata o organismo, e elimina as toxinas acumuladas. Uma boa média é beber entre 6 a 8 copos de água ao longo do dia, não contando com a bebida da refeição.


O consumo do sal e a sua utilização para temperos, em excesso, tem efeitos nefastos para a saúde. Não só nos problemas cardiovasculares e de tensão arterial, como também para a celulite.

O sal contribui para a retenção de líquidos, e consequentemente, para o aparecimento da celulite. Deve diminuir o sol nos alimentos, bem como, evitar o consumo de anchovas, picles, bacon e coisas já por si salgadas.


Um dos princípios alimentos chave para tratar a celulite é o iodo, a matéria-prima que ajuda a tiróide no correcto funcionamento do organismo.

Existem alguns alimentos ricos em iodo que deve incluir com frequência na dieta: agrião, alface, alho, alcachofras, batata, banana, arroz integral, cenoura, cebola, ervilha, espinafres, morango, pêra, tomate, uva, nabo e gemas de ovo.



Se gosta de chá, pode complementar uma alimentação saudável com chás que ajudam no processo e na eliminação de gorduras.


Perder Celulite

A celulite, uma palavra que só de ler pode provocar um sentimento de desconforto.
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Muitas são as mulheres que sofrem deste problema e em vários sítios do corpo.

A celulite, mais comummente conhecida, por "pele casca de laranja", devido ao efeito que provoca, com pequenos buracos na pele imitando uma casca de laranja, é uma preocupação no mundo feminino.
 

·Várias são as causas que podem levar ao aparecimento da celulite.

·A reacção ao se constatar que se tem celulite é geralmente uma: pânico.

·Mas muitos são os factores a ter em conta quando se trata de tentar perder celulite e eliminar este inimigo da mulher.


  Acabar com a Celulite

Acabar com a celulite, de modo definitivo, é um processo complicado e dispendioso. Existem alguns tratamentos a laser ou em clínicas de beleza que a podem apaziguar, no entanto quando se começa a ter celulite não há maneira de regredir o processo.

Assim, o que se tem a fazer é ter em conta uma série de aspectos que podem ajudar, a progressivamente, minimizar o efeito da celulite, e a impedir que esta fique num estado ainda pior.

Sendo a celulite um problema cada vez mais comum, num número crescente de mulheres, é preciso complementar diversas coisas para se atingir mais facilmente o objectivo: acabar com o efeito casca-de-laranja nas pernas e barriga.



·Beber água é indispensável. A água é um bem essencial à vida, e é extraordinariamente importante para tratar a celulite. Deve-se beber 2 litros de água por dia, ajuda o funcionamento do organismo, bem como, estimula a circulação e a drenagem.
 

·Os estilos de vida também têm que ser levados em consideração. Podem haver certos pormenores que acabam por piorar o estado da pele. Deve deixar de beber, ou então beber em menor número, cafés. A cafeína piora o estado da pele, bem como o álcool.


·A alimentação também influencia o corpo, e consequentemente o estado da nossa pele. Evite fritos, doces e gorduras.


·Pratique exercício. Sempre que puder vá ao ginásio, ou opte pelas escadas em vez do elevador. Um estilo de vida mais saudável é meio caminho andando para acabar com a celulite.


·Faça, diariamente, uma massagem anti-celulite. Já existem no mercado vários cremes para o efeito, utilize uma luva ou aparelho próprio para tratar a celulite e faça uma massagem todos os dias. Opte por movimentos ascendentes ou circulares, faça em todo o corpo para activar a circulação, dando especial atenção à zona que tem mais celulite.



Massagem Anti-Celulite

Uma forma de minimizar o efeito da celulite, de forma simples, caseira e pouco dispendiosa é fazer, diariamente, uma massagem corporal anti-celulite.


Massajar de modo cuidadoso, com um creme hidratante ou um óleo vegetal estimula a circulação e ajuda no combate à celulite.


Não é necessário muita técnica para fazer uma boa massagem corporal e cuidar bem de si.



·Pelo menos uma vez por semana fala uma esfoliação corporal no banho. Comece por aplicar o gel de banho e depois, através de uma luva própria para o efeito ou de uma escova, ponha o gel esfoliante, faça movimentos circulares e dedique alguns minutos a esta tarefa.



Massaje com especial incidência as zonas da celulite e passe com bastante água tépida.



·Adquira um bom creme anti-celulite, compre no supermercado, numa loja de cosmética ou farmácia. Hoje em dia já existem no mercado variadas marcas e com diversos produtos para este problema feminino.



Há ingredientes que deve verificar que fazem parte da composição do creme, como é o caso do gingko biloba, da castanha-da-índia, a cafeína e nanosferas.



·Todas as noites, antes de deitar ganhe o hábito de aplicar o creme, com movimentos circulares e ascendentes, nas zonas onde a celulite se manifesta. Guarde 10 minutos para este processo, massaje lentamente até a pele absorver a totalidade do creme.


Lembre-se que apesar de ajudar significativamente, a alimentação e a pratica regular de exercício são fundamentais para eliminar a celulite.
 

Truques para evitar a celulite

Se pratica uma alimentação saudável e faz algum tipo de exercício, não será nada complicado seguir estas recomendações.

No entanto, para quem tem hábitos alimentares opostos àqueles que recomendamos, evitar a celulite não será assim tão simples.

 Só conseguirá fazê-lo mudando radicalmente a sua alimentação e o seu estilo de vida.

 Na alimentação:

·A sua dieta alimentar deverá ser rica em fibras, fruta e verduras. Sempre que puder escolher, opte por alimentos integrais. As vantagens são óbvias: são ricos em fibras, ajudam a regular o intestino e diminuem a absorção de gorduras. As carnes brancas e o peixe devem substituir as carnes gordas.

·Deverá reduzir ou evitar totalmente o consumo de gorduras: molhos, queijos gordos, bolachas com recheio, biscoitos de manteiga, gelados e chantilly. Esqueça os doces.

·Deve evitar os refrigerantes (mesmo os light) e as bebidas alcoólicas. Pode “abusar” no consumo de água (1,5 a 2litros/dia) e de sumos naturais.


Na cozinha:

·Reduza a quantidade de gordura que utiliza para cozinhar.

·Para temperar os alimentos, evite o sal e aproveite a variedade de ervas aromáticas existente para dar um sabor diferente aos cozinhados.


No dia-a-dia:

·Não use roupa apertada, nem muito justa, especialmente na cintura.

·Não use meias ou botas apertadas, nem saltos muito altos

·Quando a distância o permitir, esqueça os transportes e vá a pé.

·Evite o elevador.

·Se puder, pratique natação ou ande de bicicleta.

·Aproveite os fins-de-semana para passear.

sábado, 25 de fevereiro de 2012

Beringela para o colesterol

 
 
Já ouviram alguem falar em tomar suco de beringela pra "baixar o colesterol"? Pois é, alguns estudos realizados em ratos sugerem que beringela ajuda a reduzir o colesterol. Além disso, ela tem propriedades de bloquear a formação de radicais livres e é uma boa fonte de ácido fólico e potássio. Isso é devido a antocianina presente, que é um importante antioxidante.

Estudos comprovam que é na casca que existe as propriedades antioxidantes que impedem a formação de radicais livres e ajuda o mau colesterol LDL prevenindo a aterosclerose. Portanto, a casca nunca deve ser retirada!
Apesar da ausência de comprovação científica em humanos, o suco de berinjela com laranja vem sendo recomendado como tratamento alternativo para reduzir o colesterol na prevenção das doenças do coração. Esta opção terapêutica, caso efetiva, seria interessante devido a seu baixo custo, facilitando sua obtenção pela população.

Entretanto, em se tratando de seres humanos, verificou-se um efeito temporário e pequeno da berinjela sobre os níveis de colesterol, que não foi diferente do efeito observado com orientação dietética usual para pacientes com colesterol alto. Assim, uma opção terapêutica alternativa, como a da berinjela com suco de laranja, não está fundamentada por evidências científicas suficientes que traga resultados realmente positivos. Portanto, o suco de berinjela pode ser recomendado, mas é essencial que uma mudança dos hábitos alimentares ocorra em associação com essa medida terapêutica alternativa.
Escolha a melhor forma de preparar beringela: em conserva (não recomendado para hipertensos), em pasta, refogada...

Dica:
Se a berinjela for muito grande ela contêm um suco amargo. Para remover basta fatia-la ao meio, colocar sal, esperar 30 mim, enchaguá-la e depois seca-la antes do preparo. Faça isso antes do zimento para evitar a descoloração da polpa.

Receita de Beringela ao Mangericão

Ingredientes:


24 rodelas de beringela do mesmo tamanho
16 rodelas de queijo de cabra tipo chavroux
16 rodelas de tomate maduro
folhas de manjericão
120 gr. de manteiga
sal

Salgue as beringelas e deixe-as escorrer por 1 hora. Lave e enxugue. Pincele-as com manteiga e grelhe até dourarem.

Preparo/Montagem:
Arrume 8 unidades, em camadas, na seguinte ordem: Beringela, queijo, tomate,manjericão, beringela, queijo, tomate, manjericão,beringela. Derreta a manteiga perfumando-a com as folhas de manjericão. Coloque um pouco da manteiga derretida numa forma refratária, arrume a beringela e Leve ao forno até derreter o queijo. Sirva regadas com mais um pouco de manteiga e decoradas com salsinha e folhas de manjericão
Rendimento:4 Porções
 
Receita de Beringela em conserva

Ingredientes:
4 berinjelas grandes
4 folhas de louro
4 colheres de sopa de sal para o molho
1/2 xícara de chá de vinagre branco
1 xícara de chá de azeitona preta picada
2 colheres de sopa de erva-doce
250ml de azeite
1 colher de sopa de orégano
1 cabeça grande de alho picado
Pimenta do reino branca à gosto
1 pimenta dedo de moça
1 xícara de tomate seco picadinho(opcional)
Sal à gosto

Preparo:

Corte as berinjelas em rodelas finas e depois corte novamente em tirinhas finas
Coloque de molho em uma vasilha cobrindo as berinjelas com água, junte o sal e misture, deixe uns cinco minutos e enxágue
Coloque em uma panela com aguá e leve ao fogo, assim que começar a levantar fervura desligue
Escorra e deixe esfriar
Aperte a berinjela aos punhados para retirar toda a água
Separe-as e coloque todos os ingredientes, deixando o azeite para o final
Coloque em um recipiente com tampa e deixe tomar gosto por dois a três dias na geladeira
Sirva com pão italiano e torradas
 

sexta-feira, 24 de fevereiro de 2012

Melhore seu rendimento na musculação

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Atualmente, devido aos seus efeitos sobre a saúde e a estética, a prática de exercícios resistidos, ou como é mais conhecida, a musculação, faz parte de praticamente todas as rotinas de treinamento dos indivíduos envolvidos com práticas desportivas. Aqui estão algumas dicas para maximizar os efeitos almejados para aqueles que iniciam um programa de "malhação":

01- Conheça sua atual condição física antes de começar um treinamento: através de uma avaliação física, é possível detectar sua composição corporal, sua "resistência" muscular localizada, desvios posturais, consumo de oxigênio, e muito mais, propiciando subsídios para uma melhor estruturação do plano de treino. É interessante novas avaliações sejam realizadas a cada 03 meses, no máximo, para observar a evolução durante esse período;

02- Fuja das "receitas" de atividades físicas: muitas pessoas cometem o equívoco de copiar as séries dos "fortões", uma estratégia geralmente lesiva. Com a avaliação física em mãos e com o auxílio do Profissional de Educação Física, você conseguirá um treino eficiente e seguro, respeitando um dos mais importantes princípios do treino desportivo: individualidade biológica, ou seja, por mais parecido que possa ser um trabalho de outro, sempre haverá diferenças devido á particularidades indivíduais (aptidão física, biótipo, tempo disponível, objetivo, patologias, etc.);


03- Não despreze as partes do treinamento: basicamente, uma rotina de musculação é constituída por: aquecimento prévio, exercícios resistidos e "volta à calma". A negligência de qualquer um desses itens pode favorecer o aparecimento de lesões. Lembre-se de realizar os alongamentos antes e depois da atividade (tenha em mente que alongar é "espreguiçar") e também executar uma atividade cardiovascular como aquecimento prévio. Salvo algumas metodologias, estas estratégias sempre devem fazer parte do treino;

04- Observe a execução dos exercícios: a boa técnica favorece o desenvolvimento muscular e previne lesões. É através da perfeita execução dos exercícios que torna-se possível galgar um degrau a mais no alcance dos objetivos esperados;





05- Confira a ingestão de alimentos com sua fase de treinamento: quem deseja diminuir o percentual de gordura corporal deve promover um balanço calórico negativo, ou seja, ingerir menos calorias do que gasta. Para aqueles que querem aumentar a massa muscular, a promoção do balanço calórico positivo é necessária. Se a ingesta calórica não estiver compatível com a rotina de exercícios, os resultados não serão os esperados. O trabalho inter-disciplinar do Profissional de Educação Física e Nutricionista sana essa eventualidade;

06- Observe os intervalos entre os exercícios: cada intervalo afeta seu metabolismo e respostas hormonais de forma diferente. Respeitar os intervalos propostos pelo seu Professor é importante para que o corpo responda de forma adequada aos estímulos (um relógio com timer facilita o ajuste dos intervalos);

07- O repouso é necessário: o maior estímulo para mudanças significativas na composição corporal e melhora da saúde, sem dúvida, é o exercício. Mas, é no repouso que ocorrem as transformações orgânicas. Repouso não é só dormir bem; é evitar o estresse desnecessário (discussões, trabalho em demasia, etc.), se envolver em programas variados (cinema, passeios, boa leitura, etc.). Enfim, é estar de bem com a vida;

08- Compromisso com o treinamento: como cita o item acima, o exercício é o maior estímulo para mudanças significativas na saúde, na aparência física e na auto-estima. Quando as pessoas se empenham em realizar determinados objetivos (passar em um concurso público, por exemplo), elas planejam suas atividades diárias, para o melhor aproveitamento do dia. Com a musculação não é diferente: na hora do treino, dedicação é o que conta;

09- Cuidado com os "recursos" para a melhora da performance: infelizmente, o uso de substâncias que melhoram o rendimento vem crescendo de forma desenfreada entre a população. Esteróides anabólicos, diuréticos e anfetaminas são medicamentos que ocasionam melhoras significativas na condição física do indivíduo, mas, em contrapartida, oferecem severos riscos a saúde: câncer hepático, ginecomastia, virilização constante e dolorosa (priapismo), hirsutismo (crescimento capilar, principalmente em mulheres), taquicardia, cefaléia grave, dentre outros. Lembrando ainda que prescrição de medicamentos é de responsabilidade médica e não de um grupo de amigos reunidos após o treino;

10- BOM TREINO!

quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012

Evolução Humana e atividade física

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Introdução
O modelo anatômico humano apareceu há mais de 100.000 anos atrás (aa), porém o comportamento moderno do homem só foi reconhecido em registros fósseis de aproximadamente 50.000 aa.
Comparações de DNA afirmam que a constituição genética mudou relativamente pouco nesses 50 milênios. Mesmo com a revolução agrícola (10.000aa) e industrial (2.000aa), a relação entre ingestão calórica, gasto energético e necessidade de praticar atividades físicas permanecem igual desde idade das pedras. No entanto, avanços tecnológicos, como aparelhos que diminuem os esforços em casa e no trabalho, transportes motorizados e as atividades recreativas cada vez mais sedentárias (jogos eletrônicos, cinema, teatro, etc), reduziram a quantidade de atividade física a um nível muito menor em relação ao qual o genoma humano foi selecionado.

Evolução

Os primeiros ancestrais do Homem com incontestável andar ereto foram os Australopitecus, que apareceram em registros fósseis no leste africano entre 4,2 e 3,9 milhões de anos atrás (maa), porém as influências que nos fizeram humanos são mais remotas, datando de 5 a 7 maa. O andar ereto adicionou a essa espécie localização visual de alimento, água e predadores; minimizou a área corporal ao sol e liberou as mãos para carregar, cavar e usar armas. Esses fatores ocasionaram um impacto muito grande nas características físicas e na performance de seus descendentes.

Os primeiros Australopitecus, os Afarensis, ainda possuíam algumas características dos macacos, como os membros superiores longos, o que facilitava o acesso às arvores, à comida, e lugares para descansar e obter mais segurança. Um macho adulto media 1,5m e pesava aproximadamente 45kg. Com o passar do tempo houve uma redução significativa de pêlos e uma diminuição no comprimento dos braços e pernas. Essas mudanças somadas ao bipedalismo tornaram os Afarensis muito mais ativos durante o dia, com caminhada e corrida bem similares a do homem moderno.


Até o momento, a busca por alimento se limitava a uma simples caminhada, porém, as florestas diminuíram e surgiu uma vegetação mais seca e aberta onde os frutos passaram a florescer de forma sazonal, trazendo a necessidade de incluir outros vegetais e matéria animal na dieta, o que colaborou com o desenvolvimento de mandíbulas e molares massivos. Tais mudanças deram origem aos A. robustos, mas logo em seguida os Australopitecus foram extintos surgindo à espécie Homo entre 2,4 e 1,5 maa. Os primeiros foram os Homo habilis, similares aos A.afarensis, porém com cérebro maior. Devido às mudanças na vegetação, os H. habilis consumiam alimentos mais variados, maior quantidade de carne e foram os primeiros a fazerem ferramentas de pedras. Esses fatores resultaram em uma maior complexidade bio-comportamental e uma evolução do cérebro, que se tornou metabolicamente mais ativo.

Há 1,7 maa surge a espécie Homo erectus com maiores níveis de força e volume muscular que o homem contemporâneo, pois ainda não usavam ferramentas adaptadas e/ou alavancas para facilitar os esforços físicos. A capacidade craniana era maior que a dos seus ancestrais e os sistemas cardiorespiratório, metabólico e termo-regulatório eram capazes de suportar altas intensidades aeróbias devido às longas viagens em clima equatorial quente à procura de alimentos (caçavam, coletavam e carregavam).

Mais adiante, 500.000 a 400.000 aa, surge uma forma intermediária entre Homo erectus e Homo sapiens na Europa, conhecidos como homens de Neandertal. Entretanto, os modernos Homo sapiens só apareceram na África há 100.000aa onde viveram como seus predecessores, porém séculos mais tarde a criatividade e inovação “tecnológica” aumentaram a eficiência em obter alimentos, resultando na diminuição dos esforços requeridos nas atividades diárias, tornando-os menos robustos e menos ativos. Entretanto, os Cro-magnons e outros humanos modernos mantiveram atividade física rigorosa, continuaram a ser caçadores-coletores, estilo de vida que permaneceu durante a idade da pedra (25.000aa) e ainda persiste até hoje como alguns forrageadores recentemente estudados.


Considerações finais

Nosso metabolismo mudou muito pouco ao longo da evolução, a relação entre ingestão calórica, gasto energético e necessidade de atividades física/motoras específicas são as mesmas desde a idade das pedras. No entanto, os esforços físicos diminuíram em decorrência de mudanças ambientais, da agricultura e industrialização. Atualmente a atividade física passou a ser algo extraordinário separada da rotina das pessoas, ao contrário de nossos ancestrais, que dependiam da atividade muscular para sua existência. Por exemplo, para os Australopitecus, devido à vegetação, era tudo mais fácil, mas era preciso caminhar para conseguirem comida. Na época dos Homo erectus ocorreram mudanças ambientais que dificultaram a coleta, sendo necessário incluir a caça, o que tornou a busca por alimento mais trabalhosa, eles chegavam a se deslocar 15 Km por dia. Já no período Paleolítico (25.000 a 35.000aa), os homens caçavam de 1 a 4 vezes por semana, as mulheres coletam de 2 a 3 dias além de cuidar das crianças que chegavam a ser carregadas 1500Km nos primeiros 2 anos.

Para o homem moderno a comida está prontamente disponível, a industrialização reduziu os esforços físicos e as atividades de lazer tornaram-se cada vez mais inativas, contribuído para aumentar o sedentarismo, obesidade e doenças crônicas degenerativas. Para se ter uma idéia, o gasto energético do homem moderno é em média 38% dos seus ancestrais (614kcal x 1615kcal), já o gasto energético total é aproximadamente 65% (2255kcal x 3469kcal) dos homens da idade da pedra e 44% dos caçadores coletores modernos. Para um estadunidense se aproximar desse valor, seria necessário gastar 1190kcal por dia (uma caminhada de 19 km) a mais que o habitual. Resumindo, o organismo humano não se adaptou ao estilo de vida sedentário, o padrão para o qual nosso genoma foi determinado é muito mais ativo.

Bibliografia consultada:

CORDAIN. L, GOSTSHALL.RW, BOYD EATON. S, BOYD EATON III. Physical Activity, Energy Expenditure and Fitness: An Evolutionary Perspective. Int. J. Sport Med., Vol 19, pp 328-335, 1998.

quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012

PARABENS!!!!

PARABENS POR MAIS UM ANO DE VIDA.



Tenha fé em si mesmo, porque Deus habita dentro de você. Portanto, ter fé em si mesmo é ter fé em Deus. Tenha confiança em suas capacidades, e caminhe sem temer os obstáculos.
Você pode vencer!
Você VAI VENCER!
Corresponda à confiança que Deus depositou em você, quando lhe entregou as capacidades de que dispõe, para que você as desenvolvesse e pusesse em prática.

... Obrigado Deus por mais um ano de vida e pelas amizades que me fazem crescer e progredir espiritualmente e materialmente.
Sou grato por saber q tenho bons amigos iguais a vocês.

 João Moraes Junior

 Obrigado Deus, por tudo.

 PARABENS A TODOS

terça-feira, 14 de fevereiro de 2012

Transtornos alimentares

 José Carlos Appolinárioa e Angélica M Claudinob
aGrupo de Obesidade e Transtornos Alimentares do Instituto Estadual de Diabetes e Endocrinologia, Instituto de Psiquiatria da Universidade Federal do Rio de Janeiro. bPrograma de Orientação e Assistência aos Transtornos Alimentares do Departamento de Psiquiatria, Escola Paulista de Medicina/Universidade Federal de São Paulo



Introdução

Os transtornos alimentares geralmente apresentam as suas primeiras manifestações na infância e na adolescência.1 De uma maneira geral, podemos dividir as alterações do comportamento alimentar neste período em dois grupos.2,3 Primeiramente, aqueles transtornos que ocorrem precocemente na infância e que representam alterações da relação da criança com a alimentação. Estas condições parecem não estar associadas a uma preocupação excessiva com o peso e/ou a forma corporal, mas podem interferir com o desenvolvimento infantil. Aqui encontramos o transtorno da alimentação da primeira infância, a pica e o transtorno de ruminação. O segundo grupo de transtornos tem o seu aparecimento mais tardio e é constituído pelos transtornos alimentares propriamente ditos: a anorexia nervosa e a bulimia nervosa. De especial interesse para os profissionais envolvidos com o atendimento de crianças e adolescentes são as chamadas síndromes parciais de anorexia e de bulimia nervosa e a categoria diagnóstica recentemente descrita denominada transtorno da compulsão alimentar periódica.
Transtorno da alimentação da primeira infância
É uma dificuldade em se alimentar adequadamente levando a uma perda ponderal ou a uma falha em ganhar peso de forma apropriada, iniciando-se antes da idade de seis anos.4 Os sintomas parecem não ser devidos a nenhuma condição médica geral, a um outro transtorno psiquiátrico ou à falta de alimentos. O objetivo principal do tratamento é a melhora do estado nutricional do paciente. Deve-se proceder uma avaliação dos pais e de fatores psicossociais que estejam contribuindo para o desenvolvimento e a manutenção do problema.
Pica
É a ingestão persistente de substâncias não nutritivas, inadequadas para o desenvolvimento infantil e que não fazem parte de uma prática aceita culturalmente. As substâncias mais freqüentemente consumidas são: terra, barro, cabelo, alimentos crus, cinzas de cigarro e fezes de animais.4 Atrasos no desenvolvimento, retardo mental e história familiar de pica são condições que podem estar associadas. Várias complicações clínicas podem ocorrer, principalmente relacionadas com o sistema digestivo e com intoxicações ocasionais, dependendo do agente ingerido.


Transtorno de ruminação

Inclui episódios de regurgitação (ou "remastigação) repetidos que não podem ser explicados por nenhuma condição médica. As principais complicações médicas podem ser desnutrição, perda de peso, alterações do equilíbrio hidroeletrolítico, desidratação e morte.4 O tratamento envolve o acompanhamento clínico das complicações e tratamento comportamental.5

Anorexia nervosa (AN)

Várias alterações do apetite e perturbações da imagem corporal podem ocorrer nas crianças em idade escolar, embora os quadros mais típicos de transtornos alimentares sejam mais raros. Apesar de cerca de 45% das crianças de ambos os sexos em idade escolar quererem ser mais magras e 37% tentarem perder peso,6 somente uma pequena proporção delas desenvolvem um transtorno alimentar. Vale ressaltar, no entanto, que alguns traços presentes na idade escolar são considerados fatores de risco para o surgimento dos transtornos alimentares na adolescência, alertando o profissional de saúde que atende crianças para reconhecer e investigar estes traços ainda insipientes.



A AN ocorre predominantemente em mulheres jovens, com uma prevalência pontual de 0,28%6 e taxas de prevalência ao longo da vida oscilando entre 0,3% e 3,7%.6 Existem dois picos de incidência: aos 14 e aos 17 anos.7 Evidências sugerem que fatores psicossociais desempenham um importante papel na distribuição dos transtornos alimentares.8 A influência da "cultura do corpo" e da pressão para a magreza que as mulheres sofrem nas sociedades ocidentais (especialmente as adolescentes) parece estar associada com o desencadeamento de comportamentos anoréticos. Determinadas profissões que exigem leveza para melhor desempenho (como ginastas, jockeis, patinadoras, bailarinas) ou esbeltez para "comercialização" da imagem (modelos, atrizes) se encontram em risco aumentado para o desenvolvimento do transtorno.9
O modelo etiológico mais aceito atualmente para explicar a gênese e a manutenção dos transtornos alimentares é o modelo multifatorial que baseia-se na hipótese de que vários fatores biológicos, psicológicos e sociais estejam envolvidos, interrelacionando-se.
Na sua forma típica, a AN se inicia geralmente na infância ou na adolescência. O início é marcado por uma restrição dietética progressiva com a eliminação de alimentos considerados "engordantes", como os carboidratos. As pacientes passam a apresentar certa insatisfação com os seus corpos assim como passam a se sentir obesas apesar de muitas vezes se encontrarem até emaciadas (alteração da imagem corporal). O medo de engordar é uma característica essencial, servindo muitas vezes como um diferencial para outros tipos de anorexia secundárias a doenças clínicas ou psiquiátricas. Gradativamente, as pacientes passam a viver exclusivamente em função da dieta, da comida, do peso e da forma corporal, restringindo seu campo de interesses e levando ao gradativo isolamento social. O curso da doença é caracterizado por uma perda de peso progressiva e continuada. O padrão alimentar vai se tornando cada vez mais secreto e muitas vezes até assumindo características ritualizadas e bizarras.9


Segundo o sistema classificatório da última edição do Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders (DSM-IV2), existem dois tipos de apresentação clínica da doença: no primeiro, as pacientes apenas empregam comportamentos restritivos associados à dieta ("tipo restritivo"); no outro grupo ("tipo purgativo") ocorrem episódios de compulsão alimentar e/ou comportamentos mais perigosos, como os vômitos auto-induzidos, o abuso de laxativos e de diuréticos. A classificação dos transtornos mentais e do comportamento da Classificação Internacional de Doenças ¾ 10ª Edição (CID-103) já não distingue tipos de anorexia e, portanto, pacientes anoréticas que apresentam episódios bulímicos podem receber os dois diagnósticos: anorexia e bulimia.
A prática de exercícios físicos é freqüente, sendo que as pacientes chegam a realizar exercícios físicos extenuantes com o objetivo de queimar calorias e perder peso. Há uma ausência completa de inquietação com sua condição física com negação dos riscos.10
Várias complicações médicas podem surgir em decorrência da desnutrição e dos comportamentos purgativos, tais como anemia, alterações endócrinas, osteoporose e alterações hidroeletrolíticas (especialmente hipocalemia, que pode levar a arritmia cardíaca e morte súbita), dentre outras. A associação dos transtornos alimentares com outros quadros psiquiátricos é bastante freqüente, especialmente com transtornos do humor, transtornos de ansiedade e/ou transtorno de personalidade, mesclando os seus sintomas com os da condição básica e complicando a evolução clínica.11,12
O diagnóstico diferencial deve ser feito tanto com doenças físicas como psiquiátricas que podem cursar com anorexia e emagrecimento. No entanto, quando a causa da anorexia e do emagrecimento é uma doença clínica, a pessoa não apresenta as alterações da imagem corporal e o medo de ganhar peso presentes nas pacientes com AN.9 Outro diagnóstico diferencial importante e por vezes difícil é com a BN, comentado mais adiante.
A AN de início precoce parece ser o transtorno alimentar mais comum na infância. A anorexia pode ter início a partir dos 7 anos de idade e preferencialmente em meninas, embora em crianças a prevalência entre meninos parece ser maior do que entre adultos jovens. Formas mais precoces de transtornos alimentares apresentam uma associação importante com comportamento obsessivo (incluindo extrema preocupação com a escola) e com sintomas depressivos.6 As mais freqüentes razões dadas para a recusa alimentar, além do medo de engordar ou do desejo de emagrecer, costumam ser: náuseas, dor abdominal, sensação de plenitude, perda de apetite ou incapacidade para engolir.13 Quando manifestam claramente sua intenção de controlar a alimentação, meninas referem preocupações estéticas, enquanto meninos relatam mais preocupação com saúde e condicionamento físico. Apesar das crianças se utilizarem menos de métodos purgativos (vômitos e laxativos), elas se exercitam bastante para controlar o peso através de esportes ou subindo escadas e fazendo abdominais.7 Embora nesta faixa etária a perda de peso não seja essencial para o diagnóstico, podendo haver apenas redução no ganho de peso esperado para o crescimento, a perda de peso pode ser rápida e dramática em virtude dos baixos níveis de gordura corporal total em crianças.1 Nos casos de AN pode haver um importante retardo no desenvolvimento, expondo ao risco de osteopenia, osteoporose e baixa estatura.14,15 A AN pode se instalar de forma aguda (com sintomas obsessivo-compulsivos), podendo existir uma associação com transtornos neuropsiquiátricos auto-imunes desencadeados por infecções estreptocócicas na infância.4
Devido a sua etiologia multifatorial, a AN é considerada uma condição de difícil tratamento. A integração das abordagens médica, psicológica e nutricional é a base da terapêutica. A constituição de uma equipe multiprofissional é fundamental para o sucesso terapêutico e os profissionais envolvidos devem trabalhar de forma integrada.16
A internação hospitalar deve ser considerada para as pacientes com peso corporal abaixo de 75% do mínimo ideal, quando estão perdendo peso rapidamente ou quando se faz necessária uma monitorização adequada das suas condições clínicas. O tratamento ambulatorial deve ser indicado quando a paciente tem um bom suporte social, não está perdendo peso rapidamente, encontra-se metabolicamente estável e não apresenta os critérios de gravidade descritos acima e que indicam a necessidade de uma internação hospitalar.
Apesar de não existir um agente farmacológico específico para a AN, vários medicamentos têm se mostrado úteis. O uso de antidepressivos ou ansiolíticos pode ser adequado em pacientes que desenvolvem uma comorbidade psiquiátrica associada. O emprego destas substâncias em pacientes com AN deve ser cauteloso, tendo em vista as freqüentes anormalidades clínicas associadas. Os agentes inibidores da recaptação da serotonina (ISRS) parecem mais seguros.17 Existem evidências de que a fluoxetina poderia auxiliar na manutenção do peso pós-internação em alguns pacientes. A psicoterapia em suas diversas modalidades (cognitivo-comportamental, interpessoal e a terapia de família) ainda é um dos pilares centrais do tratamento.


Bulimia nervosa (BN)

A BN é extremamente rara antes dos 12 anos.18 O transtorno é característico das mulheres jovens e adolescentes, com prevalência de 1,1% a 4,2% neste grupo.6 Fatores de ordem biopsicossocial se encontram relacionados com sua etiologia.19 O episódio de compulsão alimentar é o sintoma principal e costuma surgir no decorrer de uma dieta para emagrecer. No início, pode se achar relacionado à fome, mas posteriormente, quando o ciclo compulsão alimentar-purgação já está instalado, ocorre em todo tipo de situação que gera sentimentos negativos (frustração, tristeza, ansiedade, tédio, solidão). Inclui um aspecto comportamental objetivo que seria comer uma quantidade de comida considerada exagerada se comparada ao que uma pessoa comeria em condições normais; e um componente subjetivo que é a sensação de total falta de controle sobre o seu próprio comportamento. Estes episódios ocorrem às escondidas na grande maioria das vezes e são acompanhados de sentimentos de intensa vergonha, culpa e desejos de autopunição. A quantidade de calorias ingerida por episódio pode variar enormemente, muito embora em média oscile entre 2 mil e 5 mil calorias.19
O vômito auto-induzido ocorre em cerca de 90% dos casos, sendo portanto o principal método compensatório utilizado. O efeito imediato provocado pelo vômito é o alívio do desconforto físico secundário à hiperalimentação e principalmente a redução do medo de ganhar peso. A sua freqüência é variável, podendo ser de um até 10 ou mais episódios por dia, nos casos mais graves. No começo, a paciente necessita de manobras para induzir o vômito, como a introdução do dedo ou algum objeto na garganta. Algumas bulímicas mais graves, com vários episódios de vômitos por dia, podem apresentar até ulcerações no dorso da mão pela uso da mesma para induzir a emese, o que se chama de sinal de Russell. Com a evolução do transtorno, a paciente aprende a vomitar sem necessitar mais de estimulação mecânica.9
Outros mecanismos utilizados pelas bulímicas para controle do peso após uma ingestão exagerada são: o uso inadequado (sem prescrição médica) de medicamentos do tipo laxativo, de diuréticos, de hormônios tireoidianos, de agentes anorexígenos e de enemas. Jejuns prolongados e exercícios físicos exagerados são também formas de controle do peso, mas geralmente geram menos complicações clínicas do que as técnicas purgativas descritas acima. Na BN, a paciente mantêm uma preocupação excessiva com a forma e o peso corporal. A classificação do DSM-IV2 distingue dois tipos de pacientes com bulimia conforme a utilização de métodos compensatórios mais invasivos (vômitos, laxantes, diuréticos, outras drogas) ¾ "tipo purgativo" ¾ ou não (só dieta, jejuns e exercícios), classificado no "tipo não-purgativo".
A CID-103 apresenta critérios diagnósticos muito próximos aos do DSM-IV,2 ressaltando, entretanto, a possibilidade de negligência do tratamento insulínico em diabéticos como uma apresentação especial do quadro, assim como a possível ocorrência de um episódio prévio de AN que evoluiu para bulimia.
As complicações clínicas são decorrentes principalmente das manobras compensatórias para perda de peso: erosão dos dentes, alargamento das parótidas, esofagites, hipopotassemia e alterações cardiovasculares, dentre outras. Como na AN, parece haver uma ocorrência aumentada de transtornos do humor e de transtornos de ansiedade em pacientes com BN. Assim, um grande número de pacientes com BN (46% a 89%) evidencia um transtorno depressivo associado em algum momento de sua evolução clínica. Particular atenção deve ser dada a ocorrência de transtornos de personalidade e de abuso de substâncias no diagnóstico das pacientes com BN. O abuso de álcool e de psicoestimulantes são descritos, mas também podemos encontrar o abuso múltiplo de substâncias.19
A bulimia é um diagnóstico diferencial da AN. Diferente da AN do tipo purgativo, na BN as pacientes conseguem manter o peso dentro do limiar de normalidade na maioria dos casos (cerca de 70%) ou, discretamente abaixo deste (15%), sendo que as pacientes restantes podem estar até acima do peso (15%).
Como na AN, o tratamento da BN deve ser conduzido por uma equipe multiprofissional. A necessidade de internação hospitalar nos casos de BN está relacionada com a presença de complicações médico-psiquiátricas, de ciclos incoercíveis de compulsão alimentar-vômitos, de abuso de laxativos e/ou outras drogas e de outros comportamentos de risco. Na maioria das vezes, entretanto, o tratamento da BN é extra-hospitalar, devendo-se tentar um período inicial de abordagens como a psicoterapia cognitivo-comportamental, o aconselhamento nutricional e o uso de psicofármacos, o que pode conduzir a uma melhora das pacientes.16
Os estudos utilizando a fluoxetina no controle dos episódios de compulsão alimentar têm gerado um grande entusiasmo em relação à eficácia destes agentes no tratamento da BN, muito embora pareça improvável que todos os pacientes possam permanecer totalmente livres dos episódios de compulsão alimentar. A fluoxetina parece indicada em doses mais altas na BN (60 mg por dia em adultos).17


Síndromes atípicas ou parciais de AN e de BN

Cerca de 1/3 dos pacientes que procuram tratamento apresentam um conjunto de sintomas difícil de classificar como um transtorno alimentar "típico",20,21 também chamados de síndromes parciais, AN e BN atípicas (CID-103) ou transtorno alimentar não especificado (DSM-IV2). Podemos dividir esta categoria em dois grupos. No primeiro, encontram-se aqueles quadros clínicos que se assemelham a AN e a BN, mas que não preenchem totalmente os seus critérios, ou porque lhes falta um aspecto clínico essencial (por exemplo, pacientes que apresentam todos os outros critérios para AN, mas ainda não apresentam peso abaixo do limiar diagnóstico, ou que não apresentam a freqüência de episódios de compulsão alimentar necessária para o diagnóstico de BN), ou porque não são suficientemente graves para atingir o limiar diagnóstico.22 Estes quadros parciais chegam a ser cinco vezes mais freqüentes que as síndromes completas, e autores como Dancyger e Garfinkel (1995), acompanhando quadros parciais, observaram que aproximadamente 50% evoluem para quadros completos, sendo importante portanto seu diagnóstico precoce.22,23

O transtorno da compulsão alimentar periódica (TCAP)

Os pacientes com o transtorno apresentam os episódios de compulsão alimentar, mas não utilizam as medidas extremas para evitar o ganho de peso como pessoas com BN.24 A maioria dos pacientes com o transtorno é obesa. A sua prevalência na população em geral é em torno de 2%. Pessoas com TCAP diferem das obesas sem TCAP no que se refere à gravidade da psicopatologia, ao início mais precoce da obesidade, à maior gravidade da obesidade e à má resposta aos regimes de tratamento, podendo estar associado a obesidade em adolescentes. Berkowitz et al25 relataram que 30% de um grupo de adolescentes obesas que procurou tratamento para emagrecer apresentava compulsão alimentar. O tratamento do TCAP deve envolver uma orientação dietética adequada com refeições regulares, psicoterapia cognitivo-comportamental, o uso de inibidores seletivos da recaptação de serotonina ¾ ISRS (fluoxetina, fluvoxamina e sertralina) ou o uso de agentes que se encontram em fase inicial de avaliação como a sibutramina e o topiramato.26,27

 
Conclusão
Tendo em vista que os transtornos alimentares surgem com grande freqüência na infância e na adolescência, o profissional de saúde envolvido com o atendimento deste grupo etário deve estar bem familiarizado com suas principais diretrizes clínicas. O diagnóstico precoce e uma abordagem terapêutica adequada dos transtornos alimentares são fundamentais para o manejo clínico e o prognóstico destas condições.
 


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